Os muros centenários do Parque Zoobotânico em Belém se tornaram uma galeria a céu aberto com a presença do mural.
A artista visual e designer Amanda Nunes, nascida na periferia do Distrito Federal e radicada no Ceará desde a infância, acaba de concluir um mural de cerca de 150m² no Museu Paraense Emílio Goeldi, referência internacional em ciência e patrimônio amazônico.
Fundado em 1866, o Goeldi é considerado o segundo museu mais antigo do Brasil e abriga o maior acervo dedicado à Amazônia no mundo.
O mural levou ao todo duas semanas para ser concluído e foi realizado junto a uma imersão com os pesquisadores do Museu.
Para a construção da obra, Amanda trouxe inspirações na pesquisa da instituição dedicada à preservação da fauna, flora, arqueologia e culturas amazônicas e as cosmovisões de pensadores como Ailton Krenak e Antônio Bispo (Nego Bispo), que compreendem seres humanos e não humanos como parte de um mesmo organismo vivo, tecido por relações de confluência, em oposição ao modelo ocidental capitalista e colonial.
Ela também se inspirou no acervo do equipamento e em elementos como a cerâmica marajoara, os igarapés, os fungos, as plantas, os bichos que fazem parte do ecossistema amazônico e a lenda do boto rosa.
“A partir dessas referências, pensei num cenário surrealista amazônico que narra uma coexistência plena e harmoniosa interespécies, com seres híbridos vivendo em meio à natureza e sendo a própria natureza. Fabular futuros dignos através da arte é um ato político” Diz ela.
A intervenção faz parte da 3ª edição do Museu de Arte Urbana de Belém (MAUB), que reuniu 19 artistas de diferentes regiões do país para criar obras inspiradas na Amazônia, na ciência, na cultura e na educação ambiental. Além das pinturas, os artistas também participam de ações educativas junto a comunidades periféricas, ampliando o alcance social do projeto.
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Créditos da foto Bruno Carachesti