No dia 4 de fevereiro, celebra-se o Dia Mundial contra o Câncer, uma data dedicada à conscientização e à promoção de avanços na prevenção e no tratamento dessa doença, que é uma das principais causas de morte no mundo. Entre os avanços mais significativos está o uso da genética para identificar predisposições hereditárias ao câncer, possibilitando estratégias de prevenção personalizadas. Para entender melhor o papel da genética nesse cenário, conversamos com a Dra. Fernanda Ayala, médica geneticista (RQE 98787), mestre em Aconselhamento Genético pela Unicamp e mestre e doutora em Oncologia pelo Canadá.

O papel da genética na prevenção e tratamento do câncer

A Dra. Fernanda Ayala explica que a genética tem revolucionado o combate ao câncer, especialmente em casos hereditários. “Alguns tipos de câncer, como de mama, ovário, cólon e próstata, têm forte componente genético. Por meio de testes específicos, conseguimos identificar mutações em genes que aumentam o risco de desenvolvimento da doença, como os genes BRCA1 e BRCA2”, afirma.

Esses testes genéticos permitem identificar indivíduos em risco antes mesmo do aparecimento da doença. “Com essa informação, é possível adotar medidas preventivas, como mudanças no estilo de vida, exames de rastreamento mais frequentes ou até intervenções cirúrgicas”, explica a especialista.

Casos de famosos que usaram a genética como aliada

Um dos casos mais emblemáticos é o da atriz Angelina Jolie, que realizou um teste genético e descobriu ser portadora de uma mutação no gene BRCA1, que aumenta significativamente o risco de câncer de mama e ovário. Para reduzir suas chances de desenvolver a doença, Angelina optou por uma mastectomia preventiva (retirada dos seios) e, posteriormente, a retirada dos ovários e trompas de falópio.

Outro exemplo é o da tenista Chris Evert, que também descobriu uma predisposição ao câncer de ovário após realizar testes genéticos. Essa informação permitiu um diagnóstico precoce, o que foi crucial para o tratamento bem-sucedido.

Já no Brasil, o ator Edson Celulari, diagnosticado com linfoma não-Hodgkin, utilizou informações genéticas para planejar seu tratamento. Embora seu caso não tenha sido de predisposição hereditária, a análise genética do tumor ajudou na escolha de terapias mais eficazes.

Quem deve realizar o teste genético?

De acordo com a Dra. Ayala, os testes genéticos são especialmente indicados para pessoas com histórico familiar de câncer, principalmente quando:
• Há casos de câncer em parentes de primeiro e segundo grau (pais, irmãos, filhos, tios).
• O câncer foi diagnosticado em idades jovens (antes dos 50 anos).
• Existem múltiplos casos de câncer na família.
• Foram identificadas mutações genéticas em outros membros da família.

“A avaliação genética não é apenas para quem já tem a doença. É uma ferramenta poderosa de prevenção, que permite antecipar diagnósticos e adotar medidas para reduzir os riscos”, reforça a especialista.

A importância do aconselhamento genético

Antes e depois do teste genético, o acompanhamento de um especialista é essencial. “O aconselhamento genético ajuda a interpretar os resultados e a tomar decisões informadas. É um processo que considera tanto os aspectos médicos quanto emocionais, já que o impacto de descobrir uma predisposição ao câncer pode ser significativo”, explica Dra. Ayala.

Prevenção além da genética

Embora os testes genéticos sejam importantes, Dra. Fernanda Ayala ressalta que a prevenção do câncer vai além da genética. “Apenas 5% a 10% dos casos de câncer são hereditários. Para a maioria das pessoas, fatores como alimentação saudável, prática de atividade física, não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool e realizar exames regulares são fundamentais para reduzir os riscos.”

O futuro da genética no combate ao câncer

A especialista acredita que a genética continuará sendo um pilar fundamental no combate ao câncer. “Com os avanços da medicina de precisão, será cada vez mais possível personalizar tratamentos e prever riscos com maior precisão, aumentando as chances de cura e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.”

Conclusão

Neste Dia Mundial contra o Câncer, é importante destacar que a genética não apenas ajuda a prevenir a doença, mas também proporciona esperança para milhões de pessoas. Assim como Angelina Jolie, Chris Evert e tantos outros, qualquer pessoa pode usar a ciência como aliada na luta contra o câncer.

Se você tem histórico familiar de câncer ou deseja saber mais sobre a possibilidade de realizar um teste genético, procure um médico geneticista para orientações personalizadas. “A informação é o primeiro passo para o cuidado e a prevenção”, finaliza a Dra. Fernanda Ayala.

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